sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Mantenha distância!

Olhe para mim agora, desequilibrado, sangrando. Patética demonstração de como tentar expelir a dor. Mas a dor é real.

O homem me olha com olhar de reprovação, como se a culpa fosse toda minha. Mas eu me sinto apenas uma criança, eu não sei de nada ainda. Eu fico aqui trancado, eu tento dialogar, mas seu coração é rocha inabalável. Ah, como tem me ferido! Seus grilhões ainda me atormentarão por muitas décadas, mesmo depois de sua partida.

E a mulher ficou lá, mas eu não sei decifrar tal imagem. Não sei quem ela é. Sei que veio despejando seu veneno na estrada e eu o homem estamos todos doentes. Mas o vômito engasga e não sai. Quem é essa mulher? Por que nunca sei como agir?

Andando de um lado para outro, o coração parece ganhar vida, vida que eu nunca tive... Vida que só se faz presente perto da morte. Quanto peso não me seria aliviado se alguém carregasse comigo este fardo?

Tudo nesta prisão é tão familiar.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Aos poucos, começo a enxergar que um dos meus maiores problemas é na realidade uma solução que me foi apresentada há algum tempo. De fato, no decorrer de uma fase duradoura, acreditei que eu transparecesse o que se fazia necessário para que pudesse simplesmente conviver. Estive errado, pois a vida explodia em turbilhões multifacetados e complexos fractais onde justamente eu prentedia transformar certas memórias em apenas mais algumas informações a serem desprezadas pela minha consciência. Para que eu pudesse ser humano, eu havia feito diminuir aquilo que mais se assemalhava ao que realmente sou. Tais conclusões podem ser agora observadas com mais clareza a partir de projeções que vez ou outra ponho a exibir em minha mente. Sim, de fato é como rodar uma película e assistir ao filme sobre o pano de minha consciência. Talvez essa relação esteja na maneira como pude sentir o terror de outrora mais uma vez. Sinto naquilo que me corrói a saída ou ao menos um instrumento para amenizar o sofrimento que tantas vezes fustiga-me. Nunca compreendi, na realidade, por que o sentimento da esperança pareceu nunca abandonar-me, mas o fato é que a vida existe e a sobrevivência é a meta principal.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eis que vinham sobre os outeiros as nuvens da próxima tempestade. Sem muito tempo para codificar os pensamentos, eu já não era um exímio embusteiro como outrora. Após algumas décadas de sofrimento surreal, eu estava pronto para partir. E de tudo, tudo o que falei, apenas uma lição imutável podia-se observar de todas as coisas que ocorreram: as minhas palavras não dizem o que aparentemente pretendem dizer.

Eu estive aqui para que você pudesse me decifrar. Todo esse tempo esperei o teu brilho surgir em meu horizonte. Estaria a eternidade a meu favor?

Não moro mais na caverna, e não tenho um local fixo para te orientar ao meu encontro. Mas enquanto eu caio e desfaço meu ser para me refazer de dentro para fora, espero encontrar os pedaços de ti que me deixastes quando nos tocamos lá nas outras colinas.

Ainda não aprendi a sorrir, mas isso não importa.

Come wander with me...