segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Photonostalgia

Em alguns momentos olhei pra trás para recordar certos momentos. Penso como as coisas se modificaram e persistem em ainda serem as mesmas. Lembro de cada folha deixada a mofar em gavetas, lembro da posição dos móveis em determinado período em determinadas casas. O passado tosse seu vento mofado em mim, e eu me entorpeço. Ah, minhas velhas caixas de sapato onde insistia em guardar coisas que creditava valores futuros, mas que nunca de fato usei. Lembro-me das invenções inacabadas, desenhos por fazer... Músicas que nunca fiz, sentimentos que jamais ousei me aproximar em certa idade.

Danço com o passado diversas vezes. Lembro-me então, de como já me senti algo melhor do que realmente fui. Hoje noto o quão comum posso ser. Apenas mais um ser provido de certa capacidade intelectual (dizem) a mais que os (outros) animais.

Todos pereceremos, de uma forma ou de outra, mas enquanto isso não ocorre, não posso deixar de sentir meu coração sufucar a cada dia ao sentir que os dias se passam com velocidade absurda.

E aí me cercam olhares que eu gostaria de esquecer, palavras ditas que não deveriam nunca ter se feito ouvir, palavras não ditas que certamente mudariam o curso de águas turvas.

Quando a nostalgia vem para jantar, eu a ofereço um lugar para passar a noite. Sua companhia me recorda o penoso fato de que talvez o que mais me angustie é que palavras jamais transfigurarão sequer um terço de toda a vivacidade de meus devaneios. Por isso amo os símbolos.
Eu vi a praga se alastrar sobre a colina como um manto. Todas as forças se esvaíram de todos os cavalos e cavaleiros, as mulheres choram seus amados mortos ao fio da espada, as crianças sucubem ao aspirar o hálito negro da morte. Dor e angústia se abateram sobre a cidade de prata, a Grande Cidade. Andarilhos sentem tremer a espinha ao passarem pela estrada que leva aos quatros caminhos, pois a lamúria de homens e animais se faz ouvir a muitas léguas de distância. Oh, como se apagou a luz que outrora brilhou como farol a alumiar o caminho de navios desavisados!

Eu vi a queda e de certa forma fui a própria queda.