quinta-feira, 14 de maio de 2009

O Imortal


Há muito tempo eu já estive preso no que se pode chamar de "invólucro material", quando os sóis eram intransponíveis e a poeira das estrelas inalcançáveis. Toda a barreira do tempo como um oceano negro erguia-se. E os olhos, ainda em carne, vislumbravam, atônitos, o firmamento. O infinito, o eterno, o tudo, o nada não se podiam compreender. Éramos apenas coadjuvantes na majestosa encenação da vida, eu e os que comigo sobreviviam. Mas eu desejava viver, além de tudo.

Como podes tu enxergar além de teus limites? Acaso é possível para ti esgueirar-se entre os mistérios que encerram em si a fonte de toda as coisas? Não mais possuo prazeres como dantes, não mais me arrependo por eles com a mesma intensidade. Não mais morte.

Renúncia!

Não se pode controlar todas as coisas. Há um preço a ser pago e sempre houve, não há atalhos e nunca houve. Dolorosas são as colunas e as portas da sabedoria, e, ainda assim, permanece a certeza de que a totalidade do poder e do conhecimento não se pode alcançar. A corrupção do corpo atinge também a alma, putrefando-a. Poucos e imensuravelmente poucos são os que compreendem, e estes são aqueles que nos perturbam e nos inquietam de maneira que fazemos da existência de tais seres uma aventura, ou até mesmo uma obstinada personificação de pensamentos íntimos.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Etéreo


Como uma canção há muito entoada, de vozes antigas, já não existem. Como sons de instrumentos esquecidos, oriundos de mentes ancestrais... que atravessam o espaço em busca de quem os ouça. Eis os acordes que soam, eis os acordes! Fluem de mim, atravessando as recâmaras de minha alma, reverberando, buscando forma. Pairam sobre os bosques em mim. Eis as notas que ecoam, eis as notas! Eu quero abarcá-las, quero com elas dançar. Eu quero sentir. Estão leves, suaves... nebulosas distantes... semi-vácuo fluorescente... Ouvir o brilho das estrelas...

A Eternidade faz-se ouvir aos que a buscam. E o silêncio torna-se doce canção.

Repercute ainda o som dos festejos, sorrisos. A espera incansável por teus olhos. Posso sorrir ao imaginar as alegrias do porvir. Meus braços estão abertos...

Os olhos refletem a grandiosidade dos mistérios. O coração queima ao sentir o fogo dos olhos. Eu busco os teus reflexos em toda essa imensidão. Por que a lembrança é algo que nos inflama, a saudade é um som de harpa a tocar suave a canção que foi esquecida em algum lugar dentro da alma. Mesmo as formas que nunca contemplei, os arpejos que jamais ouvi, mesmo o perfume que certamente me acalmaria mas que nunca senti, me trazem os contornos de algo desconhecido, inexplicável, que me fazem exultar não sei por que. Mas, ainda assim, há a dor, talvez da intangibilidade, talvez da incerteza... A dor da ausência...

Deixo então a canção tomar o espaço, não a quero perturbar. Tenho o negro céu para alimentar meus olhos enquanto abertos, tenho ainda a música para preencher a escuridão ao fechá-los. E posso ser parte de uma orquestra surreal, que é mais que um simples devaneio, é o Universo dentro de mim...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Afugentando devaneios antes de dormir...

Se refazes o meu ser enquanto existes
desconforto e amargura dão as mãos
e a um golpe só de teus olhares
despedaças de uma vez os meus gemidos
Sem a paz, sem o véu
eu te desprezo
perdi a cadência, o ritmo, a poesia

Mas não se vá... ainda...


Criação espontânea durante uma de minhas rápidas visitas à comunidade Madrugada, no orkut.
Sem muito contexto, sem muito sentido...