segunda-feira, 11 de maio de 2009

Etéreo


Como uma canção há muito entoada, de vozes antigas, já não existem. Como sons de instrumentos esquecidos, oriundos de mentes ancestrais... que atravessam o espaço em busca de quem os ouça. Eis os acordes que soam, eis os acordes! Fluem de mim, atravessando as recâmaras de minha alma, reverberando, buscando forma. Pairam sobre os bosques em mim. Eis as notas que ecoam, eis as notas! Eu quero abarcá-las, quero com elas dançar. Eu quero sentir. Estão leves, suaves... nebulosas distantes... semi-vácuo fluorescente... Ouvir o brilho das estrelas...

A Eternidade faz-se ouvir aos que a buscam. E o silêncio torna-se doce canção.

Repercute ainda o som dos festejos, sorrisos. A espera incansável por teus olhos. Posso sorrir ao imaginar as alegrias do porvir. Meus braços estão abertos...

Os olhos refletem a grandiosidade dos mistérios. O coração queima ao sentir o fogo dos olhos. Eu busco os teus reflexos em toda essa imensidão. Por que a lembrança é algo que nos inflama, a saudade é um som de harpa a tocar suave a canção que foi esquecida em algum lugar dentro da alma. Mesmo as formas que nunca contemplei, os arpejos que jamais ouvi, mesmo o perfume que certamente me acalmaria mas que nunca senti, me trazem os contornos de algo desconhecido, inexplicável, que me fazem exultar não sei por que. Mas, ainda assim, há a dor, talvez da intangibilidade, talvez da incerteza... A dor da ausência...

Deixo então a canção tomar o espaço, não a quero perturbar. Tenho o negro céu para alimentar meus olhos enquanto abertos, tenho ainda a música para preencher a escuridão ao fechá-los. E posso ser parte de uma orquestra surreal, que é mais que um simples devaneio, é o Universo dentro de mim...

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