terça-feira, 2 de junho de 2009

Do Nascimento e Renascimento Das Idéias


Por esses dias eu procurei um ato heróico, de minha parte ou não, mas que representasse algo suficientemente belo e notório a ponto de me fazer refletir e tirar uma lição. Eu queria encontrar algo digno de uma epopéia ( é que, por vezes, abate-me uma mania de grandeza). E lá estava eu a ferver os miolos... Mas a minha semana havia sido tão comum... As mesmas pessoas, os mesmos olhos, mesmas tolices... E quando já estava a ponto de desistir lembrei-me de quando era um tanto mais jovem, quando meu coração era uma tocha incandescente e iluminativa. Foi durante esse período que tentei escrever uma poesia. Uma poesia sobre rosas. Uma rosa, na verdade, que brotara no seio da cidade grande ( eu a imaginava numa avenida, num desses buracos de asfalto, mas não tinha certeza se revelaria este fato) e que faria homens e mulheres se distanciarem de suas vidas quotidianas e repararem na beleza de uma rosa urbana. Era isso o que havia em mim, eu estava traduzindo um certo tipo de desejo de minha alma juvenil. Eu queria colocar em risco a noção qualitativa que atribuímos ao que nos cerca. Qual a importância de uma flor que brota? O espetáculo da vida tamborilava aos pés de todos sem ser notado. Mas logo rejeitei a idéia. Era clichê demais. Simplório demais. E assim como o carro que atropelaria a rosa e despedaçaria suas pétalas, essa idéia murchou em minha mente, pois não passava de mais um de meus inumeráveis devaneios. Enfim, tudo isto ficaria engavetado em mim durante muito tempo, empoirado e empilhado sob e sobre outras tantas idéias esquecidas. Mas, como o tempo, quer exista ele ou não, é um perspicaz, irônico e incansável agente de mudanças, eu mudei. Não pra pior nem pra melhor, apenas mudei. Meu olhar ainda é vago e distante, mas já não vejo as coisas com o lirismo romântico de outrora. E a cada dose de conhecimente que me é acrescentada sinto a dor e a angústia de entender o mundo assim como ele o é. E tudo o que venho a conhecer já traz consigo antecipadamente a sua visível ou não-visível miserabilidade. E ainda não tenho total certeza de por que razão lembrar-me de um velho devaneio me soa tão oportuno. Talvez seja um aviso de um início de uma nova mudança. Não sei. Sei que no fundo, lá no íntimo, onde às vezes, até eu me sinto estrangeiro em mim, a essência é a mesma, apenas o ângulo de visão muda de acordo com a caminhada. Sei que ainda acredito na rosa, assim como ainda acredito que seja uma história enfadonha e que não fuja ao lugar-comum. Fico feliz, também, por ver que ainda posso aprender tanto em coisas tão pueris e que mantenho meu espírito bravo, mesmo que adormecido.

2 comentários:

  1. que lindo!*-*
    inda tenho cá comigo uma esperança similar...
    se não uma esperança...uma vontade bem grande de ver florecer esta rosa!
    exatamente assim..no meio da urbanidade avassaladora!=}

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