quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Rosto de Vidro


Guardei os meus punhos cerrados
Sob as mangas de minhas dúvidas
Sob as pálpebras de um olho ferido
Como um frágil espelho de vidro
Rejeitei o meu rosto quebrado

Estranhos e frios são meus passos
Se fazem ouvir entre as tumbas
Sussurrantes, os pés andarilhos
Elegante marchante acabado
Talvez louco, cansado e errante
Entre um ermo de arbustos esparsos

Entre sebes noturnas, cobertas de brumas
Levanto a voz em um brado:
'Ouçam os montes e os seus viajantes:
Não ousem seguir os meus passos.
Deixe que o tempo e suas constantes
Separem os nossos espaços."

Direi à solidão que me acompanhe
Que possa guiar-me entre os montes
Que afaste-me todos os homens
E as suas mentiras marcadas
E ao fim de toda a jornada
Eu possa encontrar-me em honra
A erguer meu olhar triunfante
A cantar o meu hino velado

Abri os meus punhos feridos
Sob as bordas de minhas túnicas
Sob os olhos agora cerrados
Relembrei o espelho quebrado
Revelei o meu rosto de vidro

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